quinta-feira, 12 de março de 2015

crise dos 24 anos...

Sobre ter 24 anos.
24 anos talvez seja a idade em que começamos a tomar consciência de que a vida adulta realmente começou.
Paramos de sonhar com realidades e passamos a viver realidades.
O sonho de ser diplomata cai na realidade da dificuldade de ser realmente um diplomata. Passamos a pensar em dinheiro de forma diferente. Passamos a enxergar que para alcançarmos a qualidade de vida que temos sob o teto de nossos pais através do nosso trabalho, levará anos e muito desaforo engolido à seco.
Pensamos nisso porque passamos a viver o mercado de trabalho e então, podemos sentir na pele que o que antes era sonho se tornou realidade e que a realidade é mais amarga que o doce sonho. Percebemos que nem todo emprego será como imaginávamos e que existe muita gente disposta a te fazer mal no mesmo escritório que você está. Pessoas frustradas, pessoas angustiadas, estressadas, infelizes. Mas também, pessoas do bem, que te ajudarão a levantar depois daquele assédio moral que iniciante vive.
Passamos então a questionar porquê o mundo tem que ser assim.
Por quê vivemos em um mundo de ego, de inveja, de maldades e de interesses?
Quando foi que a sua realidade se transformou nisso tudo?
Todos pareciam tão legais na época da escola. Desde quando todo mundo passou a ser mau humorado e infeliz?
Na realidade, todos tentam se mostrar felizes e realizados, mas a forma como trabalham denuncia suas infelicidades particulares.
Não sei se todos aos 24 anos passam a enxergar o mundo dessa forma. Alguns podem tomar este choque de realidade antes, outros depois e outros, nunca!
Os que nunca tomarão são aqueles que nunca conseguirão encarar o mundo sozinhos. São aqueles que trocam o teto de seus pais pelo teto de outras pessoas, através de casamentos que continuarão a dar boas condições de vida iguais as que se tinha antes, talvez até melhores. Não estou dizendo que estas pessoas não amadureçam, mas que não conseguem se sustentar sozinhas, não conseguem se emancipar no sentido literal da linguagem.
A realidade de quem bota o pé pra fora de casa para trabalhar é muito diferente de quem fica, por mais trabalho que essa pessoa possa ter em casa.
Viver em casa, te dá possibilidades de flexibilidade. Trabalhar fora e encarar a selvageria do mundo não. É muito difícil ser xingado por fazer coisas erradas, mas no atual mercado de trabalho, estar certo ou errado não faz a menor diferença para quem está acima de você. Se a pessoa estiver errada, irá dizer que você que entendeu errado e que fez errado. Se o corrigir, será escrachado por questionar a autoridade.
Se abaixar sempre as orelhas, será submisso e infeliz.
Se disser o que pensa, será demitido.
O mundo empresarial está um verdadeiro caos e, muitos de nós, como eu, não aceitam esse jogo de interesses e de hierarquia como algo normal.
Aceitaremos por necessidade de dinheiro talvez, mas nunca seremos felizes por não concordarmos com esse tipo de atitude.
Nossa geração, dos anos 90 para cá, vive à espera de que sejam descobertos por algum talento nato e que o mundo ainda não descobriu isso.
Vivemos achando que somos mais importantes do que, na realidade somos.
Somos a geração do ego. A geração do facebook, onde nos vendemos feito propagandas ansiosas para serem compradas.
Quando percebemos que não somos melhores que ninguém e que não temos um talento a ser descoberto como acontece com os pobrezinhos em filmes, o choque se torna realidade.
Passamos a pensar em como entraremos no mercado de trabalho, em como conseguiremos o cargo ou o nível que sempre sonhamos.
Passamos a nos comparar com outras pessoas e percebemos que outras pessoas pensam como nós e que não somos uma espécie rara que tem algo especial para apresentar para o mundo.
A frase que nos sintetiza é: aceite que você não é melhor do que ninguém.
Vista-se de humildade e respeite a todos.
Saiba que cada um tem um motivo para ser do jeito que é. Cada um passa  por coisas na vida que nós não sabemos e por isso, não somos capazes de julgar. Por isso, respeite a todos.
Ao nos vermos como adultos, passamos a enxergar defeitos em nós mesmos que antes não enxergávamos e, na verdade, até repugnávamos nos outros.
Passamos a enxergar que temos inveja de quem consegue coisas antes da gente, inveja de quem é feliz, inveja de quem trabalha com o que gosta. Passamos a enxergar maldade em nós. Passamos a desejar o mal à pessoas que nos fizeram mal, pelo menos no sentido de que JUSTIÇA SEJA FEITA...
E, por outro lado, passamos a realmente tentar sermos pessoas melhores e mais fortes do que esses sentimentos primitivos humanos, embora naturais de nossa raça.
Ao nos vermos como adultos, passamos a saber a hora de calar a boca e de ouvir o que o outro tem a dizer.
Passamos a ter vergonha de dizermos certas verdades que, na verdade, nem sabemos se são verdades. Passamos a procurar ter certeza do que estamos dizendo e passamos e nos interessar por jornais.
Passamos a querer ter uma opinião formada para que sejamos, no mínimo, bem aceitos no mercado de trabalho.
Passamos a questionar tudo o que esperávamos para nossas vidas e a aceitar que, talvez não sejamos gênios ou prodígios, pois nossa fase está passando.
O mundo não se surpreenderá mais com nossos talentos. Nossos talentos serão o mínimo que poderíamos fazer aos 24 anos e, nem são talentos assim.
Passamos a perceber que discussões na internet não levam à nada e que ninguém está interessado no que você pensa. Ao menos quem quer sair com você.
Mas o mundo, o mundo...
Ninguém te conhece!
Sua opinião infundada sobre as coisas não importa!
Por isso, buscamos nos especializar em algum assunto realmente sério pois assim seremos, de fato, reconhecidos e respeitados.
Falar mal de política? Diga-me uma pessoa que tenha sido original na sua timeline.
Se sentir o dono da verdade postando exemplos de bons modos também não vai te fazer ser lembrado.
Passamos então, a nos colocarmos no nosso lugar de cidadãos comuns e a buscar o que realmente importa nas nossas carreiras.
E depois, enxergamos adolescentes indo para o mesmo caminhos que nós fomos e rimos ao ver um menino de 13 anos de mãos dadas com uma menina igualmente de treze anos e muito mais alta.
Rimos de garotos que andam cheios de marra, como se fossem muito importantes e geniais ao pensar que passarão pelo mesmo que estamos passando hoje e rimos de quanto isso é natural.
Talvez isso seja o primeiro sinal de maturidade e sabedoria.
Nosso estrelato não será tão fácil assim e muito suor será escorrido até que  consigamos nosso lugar ao sol.
E a luta continua até que eu esteja rindo disso quando tiver 40 anos...

curtir, j'aime, like...

Resumo: O poder que damos às redes sociais é o mesmo poder que elas têm sobre nossas vidas. Saibamos quando e como utilizá-las para que maiores problemas pessoais não sejam criados de forma desnecessárias em nossas vidas. Aproveitemos o tempo junto com amigos sem sair de casa, a torcida pelo jogo sem ir ao estádio, mas tenhamos consciência de que somos seres diferentes acima de tudo.



Com tantas coisas por fazer, acordamos e a primeira coisa que fazemos é pegar o celular e procurar por novidades. Principalmente nas redes sociais. É fácil, nos tira da cama sem termos que nos levantar de verdade. E o tempo se perde como em um vortex onde é impossível explicar como 40 minutos se passaram se acordamos há 2 minutos. Afinal, por quê damos atenção para coisas que não vão mudar em nada nosso dia?
A busca pelo pertencimento a um grupo, pela identificação com outras pessoas, nos faz aguardar ansiosamente por curtidas, likes e “J`aimes”. Compartilhamos fotos em troca de algum reconhecimento alheio por nossas rotinas, geralmente sem graça e, no intuito de sermos curtidos, até que muitas vezes optamos por fazer algo diferente, como uma refeição mais saudável ou uma comida japonesa. Reproduzimos aquilo que está na moda para compartilharmos: Viagens à Europa, ajuda humanitária, academia, conquistas pessoais, comidas exóticas, comidas saudáveis, amanhecer e pôr do sol no Arpoador.
Por quê não compartilhamos nossos copos de leite de manhã? Simplesmente porque queremos encontrar um pertencimento a um grupo. E esse grupo tem que ser especial. Ninguém quer fazer parte do grupo que bebe leite. Aliás, esse grupo nem existe. Mas mostrar que batalhamos por acordar cedo e malharmos pesado, nos coloca em um grupo seleto de pessoas saudáveis. Não é difícil ficar em casa vendo televisão. Por isso acho que nunca compartilhamos uma foto deitados no sofá em casa vendo televisão. Isso não nos faz especiais. Desde pequenos, fazer parte de um grupo nos tornava especiais. Alguns faziam até um teste para nos admitir ou não no grupo. No filme, “Os batutinhas”, conseguimos ver isso com clareza e com boas risadas.
Queremos fazer parte do grupo que aguenta comer peixe cru e que ama isso de verdade, do grupo dos que trabalham de madrugada, do grupo dos que não estudam e tiram nota boa, do grupo que vai no outback, do grupo que é flamenguista, vascaíno, botafoguense ou tricolor, do grupo da Dilma ou do Aécio, da esquerda ou da direita e o mais legal: do grupo que aguenta a dor da tatuagem. Quanto maior, melhor!
 Na verdade, a cada coisa que compartilhamos, buscamos a identificação com outras pessoas e estas, nos fazem nos setirmos pertencidos e aprovados pela sociedade. Por isso que ficamos felizes com muitos likes, curtidas e “J`aimes”, aliás, usar o Facebook em outra língua, já faz de mim uma pessoa especial, não? Por isso me refiro às curtidas em três línguas. Isso não é legal?
A busca incesante por likes ou pela aprovação do mundo não faz de nós, nós mesmos. Muitas vezes recorremos a fotos de frases feitas com o uso de imagens associadas à comédia, como o Chapolin Sincero ou Clarice de TPM, páginas de grande número de curtidas, para nos expressarmos sem sermos julgados por nossas opiniões grosseiras e mau humoradas. Jogamos a indireta, fazemos a piada e a culpa não foi nossa. Passamos então, a pertencer ao grupo daqueles que acharam graça da foto irônica. Quanto mais nos sentimos identificados com outras pessoas, mais utilizamos a rede social e, aqueles que não se identificam com os grupos já estabelecidos, precisam publicar que estarão se ausentando da rede, em um último suspiro à espera de aprovação por algum grupo, nem que seja o grupo dos insatisfeitos com a rede social. Isso é triste. Desperdiçamos tanto tempo de nossas vidas tentando nos sentir acolhidos e, quando não conseguimos nos encaixar aos grupos propostos pela própria sociedade nas redes sociais, nos isolamos daquilo que está presente na vida de todos ao nosso redor, todos os dias.
Não entendermos alguma piada que ficou famosa na internet ontem, não ficarmos por dentro da fofoca que explodiu semana passada e que, hoje, todos opinam sem parar, da foto da Paola Oliveira, nos deixa mais isolados ainda e, tentamos voltar silenciosamente à rede sem anunciar: Ei! Me arrependi e voltei! Oláá? Isso não nos torna especiais.
Engraçado como nos tornamos crianças vulneráveis novamente... Talvez estejamos todos sendo vítimas de problemas psicológicos da nova geração. Estamos compartilhando nossas vidas com firma reconhecida praticamente, para que todos saibam onde estivemos e para onde vamos. E ninguém nos pede isso. Damos informações a nosso respeito de graça e facilitamos o trabalho de quem quer saber de nossas vidas. Se daqui a alguns anos quisermos mudar de opinião, nosso perfil na rede social comprova que já pensamos diferente. Se casarmos com outras pessoas, teremos que apagar nosso passado em fotos e mensagens, para evitar problemas de comparações desnecessárias. Se estivermos nos candidatando a um emprego, aquele xingamento ao outro time ontem, sem nenhum resquício de educação, poderá estar sendo observado pela equipe avaliadora para tentar entender nosso perfil psicológico antes de nos contratar. Nos colocamos em prateleiras à venda por aprovação ou desaprovação e nem percebemos o impacto que isso pode ter em nossas vidas.
Queiramos, então, nos esforçar para pertencermos ao grupo de pessoas sãs, que não se importam se recebem poucas ou muitas curtidas, que não se importam em ficarem tristes de vez em quando, que perdem empregos e oportunidades, e que entendem que isso é perfeitamente natural do ser humano. Que ficam em casa o dia todo com preguiça e sem a necessidade de mostrar que fizeram algo grandioso e espetacular naquele dia. E que não ficam tirando selfies em qualquer lugar que vão, somente para se sentirem pertencentes ao grupo que chama auto-retrato de selfie. Tentemos ser pessoas que não dependem tanto da aprovação de todos (o que é impossível) e busquemos as realizações que importam para nós mesmos e não para o mundo. Busquemos de volta nossas particularidades, pois são elas que nos tornam especiais de verdade, e tiremos mais tempo para refletirmos sobre nós mesmos ao invés de ficarmos comparando nossas vidas com as vidas de outras pessoas, que possuem características tão diferentes das nossas, que não faz sentido querermos ser parecidos com elas. Exercitemos nossa auto-estima para que não dependamos tanto da opinião dos outros e voltemos a ser especiais porque somos nós mesmos. Eu sou especial porque me sinto realmente feliz em casa, sem sair à noite para boates e sem beber. Sou especial porque gosto de frio e um bom café debaixo da coberta, vendo filmes. Sou especial porque tenho preguiça de pegar ônibus para sair de casa com calor. Sou especial porque não ligo para carnaval e porque vou ao cinema sozinha. E na minha forma de ser especial, volto a pertencer a grupos de pessoas parecidas comigo e passo a receber a aprovação delas. De forma natural e espontânea e sem precisar mostrar ao mundo que isso tudo é especial.