quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Postura agressiva na internet

O perfil crítico das pessoas na internet não precisa ser tão agressivo.
Esta semana, Mark Zuckerberg, o dono do facebook, disse estar desapontado com os brasileiros no facebook. "Se por um lado, os brasileiros fazem o facebook crescer, por outro, estragam tudo."
Não que eu ache que isso valha para todos os brasileiros, mas é muito diferente o comportamento de pessoas de outros países e o de brasileiros.
Certa vez meu pai deixou uma crítica num post estrangeiro sobre ele não gostar da Yoko Ono, ex mulher do falecido John Lennon. Ele escreveu que ele achava que ela seria um dos motivos para o fim dos Beatles e responderam: You might be crazy. Ele respondeu: Just my opinion. E outras pessoas comentaram: "That man can`t understand" ou coisas desse tipo.
Ninguém o xingou no primeiro comentário.
No Brasil, percebo, ainda que sem palavrões, uma postura muito agressiva. É como que uma luta para ver quem "aparece" mais ou quem vence o debate através do método "esculacho".
Por quê isso tudo?
Seriam os brasileiros um povo que é mais nervoso, ou que gosta de mostrar que pode dar a palavra final? Um povo que sempre quer estar com a razão? E da forma mais arrogante possível?
Outra vez fui eu, inocentemente comentar do shorte "mostra a poupinha" em meu facebook...

Por quê?!

As pessoas vieram com comentários super agressivos, enquanto eu apenas dizia que eu não era obrigada a me sentir bem vendo aquilo. Vendo crianças achando cada vez mais normal andarem quase nuas. Pode até ser o certo, mas eu, infelizmente, ouço o oposto há 24 anos.
Hoje em dia, somos obrigados a aceitar e a pensar como a maioria à nossa volta pensa. Não posso nem ser mais um fruto de uma sociedade que me criou para achar estranho ver "nudez" em público.
Na Escócia, mulheres foram indiciadas a não amamentar em público. Por quê seria? Porque é um pensamento conservador que está em nossa sociedade. Contando que eu tenha parado para refletir sobre isso há poucos anos, posso até concordar que todas as pessoas devem fazer o que quiserem, se vestir como quiserem, mas não posso passar a ver as coisas de forma diferente de um dia para o outro. Por quê que andar pelado é um crime? Porque a sociedade considera algo de errado nisso. Então seriam essas mesmas pessoas que aceitam que andar pelado é atentado ao pudor, as pessoas que defendem a super liberdade do corpo, a sua alta exposição, até em crianças? Qual o limite entre decência e liberdade?

O que eu quero com esse post aqui não é defender ou não o shortinho, afinal, o mesmo direito que uns têm de gostar, eu tenho de me incomodar. Eu não quero me meter na forma com alguém se veste ou deixa de se vestir, mas eu ainda acho esquisito ver um bumbum na rua. Precisarei me acostumar.
Ponto.

Enfim, quando chamei as pessoas para um debate, não quiseram.
Xingar, quiseram. E sem nenhuma desculpa.
As mesmas pessoas que me xingaram, fugiram quando eu as chamei para debatermos a ideia.
Querem apenas impor seus pontos de vista e virar as costas como aqueles que falaram, fizeram bonito por  maltratar alguém e dane-se.
Não sei quem estimulou essa postura agressiva que tantos acham tão bonito, mas penso que isso pode ser fruto da mesma sociedade que me faz achar estranho um shortinho quase inexistente.
Todos preferiram ser arrogantes gratuitamente, mas quando se vestem para ir trabalhar, não usam o tal shortinho. Cadê a tal luta pela liberdade de se vestir como quiserem? É claro, ninguém vai querer perder um emprego por causa disso, mas assim... Aceitam regras de se vestir por um lado e me criticam de outro por eu achar estranho um bumbum de fora?

Quando lhes perguntei: E se fosse sua mãe? Me responderam: Po, mas mãe é mãe.
Então defendem a liberdade da forma de se vestir para umas e para outras, não?

Entendem que o problema não é o shortinho, mas sim, a falta de reflexão de cada um?
A falta de reflexão gera esses comportamentos agressivos nas redes sociais.
O impulso nada mais é do que um reflexo da falta de certeza de uma pessoa.
A agressividade se esconde atrás de ironias, deboches e palavrões.

Por quê xingar alguém que não concorda com você?
Quão primitivo isso.

Eu os convido e me convido a pensar mais nas hipocrisias de cada um de nós, nas nossas contradições e nas nossas repetições de comportamentos antes de escrever nas redes sociais.

Mark pode ter exagerado, mas que o comportamento dos brasileiros costuma ser "disgusting", isso é mesmo.

***Aguardando alguém vir aqui me xingar, sem ler direito o texto e me chamando de machista e conservadora por causa do tema shortinho, que não é o assunto principal do debate, servindo apenas de motivo para justificar a agressividade das pessoas pela internet. Ou me xingando por eu estar dizendo que concordo em parte com o que Mark pensa sobre nós, brasileiros. Mark pensa em criar um "manual de comportamento" para os brasileiros.
Os mesmos que xingarão Mark pela sua postura grosseira, não deixarão de utilizar o facebook.
Seria o melhor tapa na cara que os brasileiros poderiam dar em Mark, sem xingá-lo, mas já prevejo brasileiro mandando ele ir tomar no **, e continuarem a usar a rede.

Ih! Está finalmente chovendo no Rio.
Bênçãos!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Conheça a ti mesmo

Somos todos artistas.
A forma como nos expressamos é uma arte.
Nos expressamos todos os dias, a todo momento, desde que nascemos. Ainda que não falemos, nossos olhares expressam nossos sentimentos. Portanto, somos artistas.
A arte foi deixada de lado em detrimento da rotina de estudos, da rotina laboral, da rotina que nós mesmos criamos para termos uma certeza de como será o dia seguinte.
Poucos ganham o dinheiro para a vida, vivendo de arte.
Mas o que seria nosso fingimento em dizer que adoramos levantar 6 da manhã para viver rotinas que nem sempre queremos, senão, a arte de saber levar a vida?
Toda profissão exige seu nível de criatividade. Se não a utilizarmos, seremos mortos em cápsulas de carne viva.
A vida exige criatividade. Criatividade para solucionarmos problemas, para lutarmos contra nossos fantasmas, para superarmos nossos obstáculos internos, que nós mesmos criamos. Criatividade para enxergar coisas que não conseguiríamos se não tivéssemos pensado por dias e noites sobre aquilo que nos incomodava.
Consigo ver o valor na simpatia das pessoas. Me falta simpatia pela timidez.
Mas admiro o carisma dos ambulantes que entram no ônibus, dispostos a me convencer a comprar uma barrinha de cereal. Eles são artistas no palco da vida.
São artistas que possuem coragem e simpatia para falar com um público, que muitos de nós, acadêmicos, não temos ao apresentar um trabalhinho pequeno de primeiro período.
São pessoas brilhantes que não desistem, enquanto muitos de nós, estudantes, achamos que não teremos solução.
A escrita é minha melhor maneira de expressão.
Amo pela escrita, odeio pela escrita, construo pela escrita e destruo pela escrita.
Não seria um ato de covardia me esconder atrás de uma folha de papel antes de dizer aquilo que eu realmente estou pensando? Ou seria um ato nobre, de evitar a discussão e estimular a reflexão?
Nenhum ser humano será preparado o suficiente para se erguer nos mais solidificados argumentos numa discussão cheia de emoção. Nenhum ser humano é capaz de julgar o que o outro faz e ainda assim, o julgamos. Pelo menos atrás de uma folha de papel, temos a chance de pensarmos bem antes de cometermos injustiças impensadas com aqueles que amamos.
E assim, a fala se torna arte gravada, e poderá ser lida, relida, refletida, por tantas vezes.
A escrita clareia a mente de labirintite emocional no mar dos sentimentos. O que é um problema interno que precisa ser resolvido e o que é um problema externo que afetou o seu eu interior?
Somos todos seres pensantes, porém muitos ignoram o balanço do mar emocional. Muitos ignoram suas mudanças internas e vivem à superficialidade de um mundo de prazeres momentâneos.
Parar para se conhecer também é uma arte. Dá trabalho.
Se todos tivessem o mesmo estímulo que o mercado nos dá para trabalhar a la "another brick in the wall", para a arte, para a demonstração de sentimentos através da escrita, da música, da pintura, da dança, seja lá o que for, seríamos grandes artistas reconhecidos e todos nos entenderiam melhor. Acredito que seríamos pessoas mais centradas.
O mundo que seres humanos criaram é para fugir dos fantasmas internos, para no ocupar ao máximo do tempo para que não reflitamos sobre nós mesmos e façamos aquilo que é interessante para o mercado.
Fujamos desse mundo doentio e façamos a nossa dança. Vamos produzir, porém conscientes de somos ainda seres dotados de autonomia, dignos de respeito e grandes artistas!
Não nos deixemos abalar pela falta de expressão que nossos companheiros possuem. Cada ser vem dotado de uma carga única de emoções, combinadas ao longo do tempo. Os veja como artistas em sua personalidade. Artistas felizes ou infelizes, calmos ou angustiados...

O título desta postagem vai para a banda de um amigo meu, Maieuttica.
Escolhi o título por pensar que o objetivo deste blog é o autoconhecimento. É explorar a capacidade reflexiva de um ser humano e buscar melhores interpretações para o mundo que a sociedade deixou para nós. Um mundo de incertezas, sobrecargas e ansiedades. Um mundo de prazeres imediatos e de emoções explosivas. Um mundo de desigualdades sociais. Um mundo de superficialidade de fotos numa timeline, onde todos precisam ser obrigatoriamente felizes. Um mundo onde poucos produzem e muitos reproduzem. Mas também, um mundo ainda assim, melhor que o de antes.
Saibamos lidar com os conflitos atuais. Antes eram guerras por pão, hoje são os desafios impostos por nós e sobre nós e as formas como vamos conseguir passar por eles. Cada época possui seus traumas, saibamos ultrapassar os nossos.

Conheça a ti mesmo.

Sejam bem vindos, grandes artistas!